A DUPLA FACE DO PODER
O Francês Paul-Michel
Foucalt, nascido em 15 de Outubro de 1926 e morto de AIDS em 25 de Junho de
1984, segundo seus biógrafos era um homem irrequieto, ansioso e angustiado,
tentou vários suicídios. Homossexual e Filho de pai médico resolveu enveredar
pelos ramos da Psicologia e filosofia..
Adquiriu experiência prática em
hospital psiquiátrico e leu vários autores de peso do pensamento humanístico
mundial tais como, Hegel e Marx e Kant. Foi contemporâneo de Jean Genet e Lacan,
além de discípulo de Jean Hipolite. Professor Universitário, foi conferencista de fama internacional e autor de varias obras no campo da psicologia e filosofia, além de crítico da psiquiatria. Foi considerado inicialmente de linha
estruturalista, porém é tido como pós- estruturalista na obra “Vigiar e Punir".
Dentre as várias
obras escritas por Foucalt, lhe deu fama a “historia da Loucura" de 1961 e também
ganha destaque o seu livro, “VIGIAR E PUNIR”, obra que teceremos breves
comentários, vez que nossa pretensão neste escrito não é abordar a obra completa do autor e nem toda a sua profundidade.
Para o autor, o "poder" requer grandes discussões, porém, não no sentido tradicional do "poder
estatal ou institucional". Até mesmo, para evitar a mesma concepção de Marx, do "poder imperialista, capitalista e explorador", tomado como uma mera utopia. O poder abordado em sua obra, por Foucalt, não
possui apenas um sentido, o da subjugação deletéria. O Poder para ele, pode ser conceituado em todas as
instâncias da vida e em cada pessoa. Ninguém dele está a salvo.
Michel Foucaltt,
considera o poder não como algo apenas “repressor” mas também criador de
“verdades e saberes”. Está onde está o sujeito. Nele é onipresente.
Na sua obra
“vigiar e Punir” Foucalt faz um amplo estudo sobre a disciplina na sociedade
moderna. Para ele, “uma técnica de produção de corpos dóceis”. Chegou a esta
conclusão analisando os processos disciplinares usados nas prisões. Para isto
considerou como exemplo as imposições às
pessoas e quais os “padrões normais” de conduta estabelecido pelas
ciências sociais. Tomando-se como base este trabalho, foi possível explicitar a
noção de que as formas de pensamentos são
também relações de poder que resultam em "coerção e imposição".
Deste modo é
possível se estabelecer uma forma de luta contra a dominação advinda e
representada por certos padrões de pensamento e comportamento. Porém, sem que
seja possível se escapar “completamente” a todas e quaisquer relações de poder.
Tomar o corpo e
alma da loucura, esse seria o propósito de um “aparelho tecnológico de poder” que atua
de maneira disciplinar, de formas múltiplas e dispersas, dando à psiquiatria em estatuto
de soberania sobre a vida dos loucos e daqueles que lhes são próximos. O
resultado disto, é que das praticas e lutas do dia-a-dia, nos manicômios,
trazem o discurso de “saber médico psiquiátrico” como instrumento de poder advindo do saber médico
teórico profissional.
Foucalt ousa
pensar como a vida dos loucos fora tomada como objeto central para a
constituição e estruturação de todo o campo do saber. Resultando em um saber que
se diz verdadeiro sobre loucos e sua loucura. Para o autor de “Vigiar e Punir”,
o espaço institucional foi colonizado por um "poder disciplinar anônimo e
microfísico" que registrou, ordenou, organizou, distribuiu e esquadrinhou todos
os movimentos da loucura de modo a regular, de forma estratégica, a divisão
simétrica que existia entre a verdade trazida pelo doente e a medida de
realidade pretendida pelo médico.
Trazendo a
análise para os dias atuais, as concepções detectadas e questionadas pelo autor
ganhariam inegável guarida no corpo constitucional brasileiro pautado no respeito à dignidade
humana.
Antonio Henrique Chagas
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