domingo, 1 de julho de 2012

VIGIAR E PUNIR


                                        
                                                                                            
                                          A DUPLA FACE  DO PODER



O Francês Paul-Michel Foucalt, nascido em 15 de Outubro de 1926 e morto de AIDS em 25 de Junho de 1984, segundo seus biógrafos era um homem irrequieto, ansioso e angustiado, tentou vários suicídios. Homossexual e Filho de pai médico resolveu enveredar pelos ramos da Psicologia e filosofia..

  Adquiriu experiência prática em hospital psiquiátrico e leu vários autores de peso do pensamento humanístico mundial tais como, Hegel e Marx e Kant. Foi contemporâneo de Jean Genet e Lacan, além de discípulo de Jean Hipolite. Professor Universitário, foi conferencista de fama internacional e autor de varias obras no campo da psicologia e filosofia, além de crítico da psiquiatria. Foi considerado inicialmente de linha estruturalista, porém é tido como pós- estruturalista na obra “Vigiar e Punir".

Dentre as várias obras escritas por Foucalt, lhe deu fama a “historia da Loucura" de 1961 e também ganha destaque o seu livro, “VIGIAR E PUNIR”, obra que teceremos breves comentários, vez que nossa pretensão neste escrito não é abordar a obra completa do autor e nem toda a sua profundidade.

Para o autor, o "poder" requer grandes discussões, porém, não no sentido tradicional do "poder estatal ou institucional". Até mesmo, para evitar a mesma concepção de Marx, do "poder imperialista, capitalista e explorador", tomado como uma mera utopia.  O poder abordado em sua obra, por Foucalt, não possui apenas um sentido, o da subjugação deletéria. O Poder  para ele, pode ser conceituado em todas as instâncias da vida e em cada pessoa. Ninguém dele está  a salvo.

Michel Foucaltt, considera o poder não como algo apenas “repressor” mas também criador de “verdades e saberes”. Está onde está o sujeito. Nele  é onipresente.
Na sua obra “vigiar e Punir” Foucalt faz um amplo estudo sobre a disciplina na sociedade moderna. Para ele, “uma técnica de produção de corpos dóceis”. Chegou a esta conclusão analisando os processos disciplinares usados nas prisões. Para isto considerou como exemplo as imposições às  pessoas e quais os “padrões normais” de conduta estabelecido pelas ciências sociais. Tomando-se como base este trabalho, foi possível explicitar a noção de que as formas de  pensamentos são também relações de poder que resultam em "coerção e imposição".

Deste modo é possível se estabelecer uma forma de luta contra a dominação advinda e representada por certos padrões de pensamento e comportamento. Porém, sem que seja possível se escapar “completamente” a todas e quaisquer relações de poder.

Tomar o corpo e alma da loucura, esse seria o propósito  de um “aparelho tecnológico de poder” que atua de maneira disciplinar, de formas múltiplas e dispersas, dando à psiquiatria em estatuto de soberania sobre a vida dos loucos e daqueles que lhes são próximos. O resultado disto, é que das praticas e lutas do dia-a-dia, nos manicômios, trazem o discurso de “saber médico psiquiátrico” como  instrumento de poder advindo do saber médico teórico profissional.

Foucalt ousa pensar como a vida dos loucos fora tomada como objeto central para a constituição e estruturação de todo o campo do saber. Resultando em um saber que se diz verdadeiro sobre loucos e sua loucura. Para o autor de “Vigiar e Punir”, o espaço institucional foi colonizado por um "poder disciplinar anônimo e microfísico" que registrou, ordenou, organizou, distribuiu e esquadrinhou todos os movimentos da loucura de modo a regular, de forma estratégica, a divisão simétrica que existia entre a verdade trazida pelo doente e a medida de realidade pretendida pelo médico.

Trazendo a análise para os dias atuais, as concepções detectadas e questionadas pelo autor ganhariam inegável guarida no corpo constitucional brasileiro pautado no respeito à dignidade humana.

        Antonio Henrique Chagas                                                                    

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