sexta-feira, 27 de setembro de 2013

BRASIL 2013: UM AVIÃO QUE DECOLA OU UM TREM DESGOVERNADO LADEIRA ABAIXO?

BRASIL 2013: UM AVIÃO QUE DECOLA OU UM TREM DESGOVERNADO LADEIRA ABAIXO?





Ultrapassada a primeira metade deste ano de 2013, podemos afirmar que alguns fatos, chamaram a atenção do mundo e, em especial, de nós brasileiros.

No mundo, a raríssima renúncia em 11 de fevereiro de 2013 de um Papa, que é a sigla de Pietro Apostolum Principus Apostolorum (Pedro apóstolo, príncipe dos apóstolos), deixou a todos perplexos.

O Ato de Bento VI, fez dele o primeiro papa a abdicar ao posto desde o papa Gregório XII, em 1415, que o fizera durante a Grande Cisma do Ocidente.

 Bento VI é também o primeiro pontífice a renunciar sem pressão externa desde o papa Celestino V, em 1294. Trata-se de fato raro na história da milenar  Igreja Católica.

 Joseph Ratzinger, tomou tal decisão ao abrigo  do artigo 332 do Código Canônico. Tudo legal, mas nada normal ou usual, assim como não o fora a eleição de seu substituto, o primeiro latino-americano e  que prega o amparo aos pobres.

O Cardeal argentino Jorge Bergoglio, que substituiu Bento VI, adotou o nome de Francisco e sua primeira viagem internacional foi ao Brasil, na Jornada Mundial da Juventude, de 23 a 28 de Julho de 2013, quando chegou a reunir multidão de até três milhões e meio de pessoas em Missa Solene.

Até ai tudo bem, se a visita não fora realizada durante a onda de protesto que sacudia o País, de leste a oeste e de norte a sul, principalmente no eixo sul, sudeste.
O Papa, entretanto distribuiu muita simpatia e não foi atingido pela onda de protestos. Quando instigado, por uma repórter, não hostilizou o “loby gay” e a moral de sua igreja não foi questionada ou abalada durante sua estada no País.

O mesmo não aconteceu com a realização da “Copa das Confederações” pela FIFA, no período de 15 a 30 de Junho, no País, quando o Brasil sagrou-se campeão diante da Campeã mundial, a Espanha.

Durante a competição a maioria dos brasileiros viu-se surpreendida, ao ver sua “paixão nacional, o futebol, ser alvos de protestos de uma minoria barulhenta e desordeira, em meio à disputa de redes de TV nacionais, pelos direitos das transmissões esportivas, Globo e Record.

 As ondas de protestos indiscriminados chamaram a atenção pela forma inusitada como surgiram e se espalharam pelo País, a tolerância e aceitação que tiveram das autoridades e sociedade e, em especial, pela desorientação e surpresa que causaram no meio governamental.

Iniciaram-se, a pretexto da mobilização de um grupo que, em tese, lutaria pelo “passe livre”, – direito de não pagar passagem nos ônibus –, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

Diante da repercussão e apoio que, inicialmente, tiveram da mídia se propagaram como rastilho de pólvora incendiada, para todo o Brasil, frente a total desorientação e surpresa sobre o que fazer, por partes de autoridades, policias e Ministério público e nos três níveis de governo, federal, estadual e municipal.

Certamente a dimensão e tolerância como se desenvolveram os protestos, foi algo nunca dantes presenciado em terras brasileiras. Diante de um apoio maciço dos meios de comunicação, apoio do povo e a  inexplicável condescendência de um atônito governo começou-se a protestar contra tudo. Da corrupção, à construção de estádios e uma desconhecida PEC-37.

Movimento aparentemente espontâneo, logo ganhou ares de anarquismo, ao não apresentar lideranças e rechaçar movimentos organizados e entidades tais como sindicatos, partidos políticos.

A anarquia Logo mostrou sua marca: a destruição da propriedade privada e publica e ainda entremeou-se de baderneiros e mascarados que à sombra do anonimato ameaçaram até o cerne do poder da republica, como as sedes dos três poderes federais do País.

De manifestação salutar passou a algo ameaçador, afastando aqueles que realmente usufruíam o direito de protestar por um País mais justo.

Curiosamente os protestos que Sentaram seu foco nos políticos, e na falta de uma política de saúde pública, quase não reclamaram quanto à violência e falta de segurança, que coloca o Brasil em estado de guerra civil, urbana disfarçada, onde as chamadas “comunidades não pacificadas”, são verdadeiros estados dentro do Estado.

Tampouco reclamaram com veemência contra o maior escândalo recente da política brasileira, envolvendo julgamento de políticos e outras pessoas, na Suprema Corte Brasileira, STF, por corrupção, o “mensalão” do PT, já que existem os de outros partidos, PSDB e DEM, por julgar.

Por outro lado acabou, por influência da mídia, (Rede Globo), levantando e conseguindo sua aprovação no Congresso Nacional de bandeira até então desconhecida da maioria da população, envolvendo promotores de justiça e delegados de policia, em especial os federais, pelo direito de realizarem o chamado inquérito, na chama PEC-37 que foi aprovada por estrondosa maioria a favor de promotores, o que não indicava acontecer antes, com tanta facilidade.

Também de olho nas eleições do próximo ano, oposição e governo travaram uma verdadeira batalha. O governo tentando perder menos apoio e a oposição, tirar o maior proveito possível da situação já que estava em desvantagem na preferência popular.

Após alguns golpes de marketing, o governo Dilma, conseguiu barrar sua vertiginosa queda na opinião pública e reverter alguns pontos. Ensaiou uma reforma política impraticável e um programa para trazer “mais médicos” do exterior para minimizar o caótico sistema de saúde publica nacional. Tem encontrado a ferrenha resistência corporativa dos médicos nacionais, em verdadeira e desropositada lambança.

 Entidades médicas apegam-se a lances e exigências para concederem autorização provisória de desempenho da função médica aos estrangeiros no Brasil, em especial, os de Cuba, que chega ser a uma verdadeira vergonha nacional.

 É ridículo em um país, onde existem Estados da Federação com mais de dois mil habitantes por médico e, a maioria, centrados nas capitais e grandes cidades.
Não obstante toda esta defasagem de profissionais, e de o território brasileiro ser dotado de distâncias monumentais entre centros mais desenvolvidos e locais desprovidos de qualquer a assistência médica.

O lobby dos médicos chancelados pela Agência Nacional de saúde, ANS, proíbe o uso de uma simples pomada a base de antibiótico em uma pequena inflamação na unha sem receita médica, embora o profissional mais próximo esteja a centenas de kilômetros de distâncias e uma consulta ou exame na rede pública possa levar meses para serem conseguidos.

Ademais, não raro, como agora através de projeto de lei sob a sanção da Presidente Dilma, médicos no Brasil reclamam para si procedimentos que, ou são de outras categorias de profissionais de saúdes, ou são perfeitamente realizáveis por eles por não oferecerem risco à vida de pacientes.

Destaca-se que nas universidades publicas, em trinta anos, praticamente, as vagas para medicina são as mesmas. Trata-se, pois, de situação que fere a moralidade pública administrativa.

Enquanto isto, nas poucas escolas de medicina particulares existentes a probabilidade das classes menos favorecidas economicamente estudarem é muito baixa, pois suas mensalidades giram em torno de R$5.000,00 reais ou U$ 2300,00 dólares mensais, valores altos para os padrões do brasileiro médio.

Está na hora do Brasil, ao mesmo tempo em que ataca as deficiências do sistema de saúde nacional, ampliar em dezenas de milhares, a oferta de vagas nos curso de medicina no país. Esta é uma questão que afronta a dignidade da pessoa humana no Brasil, um dos Princípios fundamentais previstos no art. 1º, inciso III de sua Constituição.

Uma nação inteira não pode tornar-se refém de qualquer categoria profissional, sob pena de perder sua autonomia, com reflexos diretos em sua soberania.

A saúde publica é retrato de como são tratadas as políticas públicas no País. A propósito, isto não é diferente com a educação, segurança, moradia, transporte e Assistência. Enfim, direitos sociais básicos, relegados a segundo plano por décadas.

A sensação de melhoria que os brasileiros tiveram no final do governo LULA perdeu o foco com a troca de comando na Presidência, inclusive, com o retorno de fantasmas como a Inflação.

A violência urbana atingiu níveis insuportáveis com numero de vítimas anuais (cerca de 100 mil entre assassinatos e mortes no trânsito) que ultrapassam em muito, o numero de mortos em guerras civis declaradas, mundo afora.

O tráfico e a corrupção atingiram as entranhas do poder através daqueles que deveriam combatê-los.

Neste contexto e momento, se perde a noção de um Brasil rico e emergente Dentre os outros Países emergentes que compõe os chamados, BRINCS, (Brasil, Rússia, índia e China) ocupa a última posição em termo de desenvolvimento e crescimento, nos últimos anos.

De nada adianta o Brasil ficar rico  sem fazer  justiça social a seu povo: de nada adianta tornar-se a sexta potência econômica, mas continuar um dos últimos na classificação quanto a educação mundial.

 Sem educação não há futuro, e por isso, 13 anos depois de criada, a “Bolsa Família” continua o Brasil, sem abolir as causas de sua necessidade. Diz Cristovam Buarque, Senador e economista.

De nada adiantaram os mais de 20 anos de governos social democratas com dez anos do PT, e outros tantos do PSDB. O aumento do consumo privado, diante da excrescência que é a tragédia nos serviços sociais; nos hospitais públicos e nas escolas públicas e na segurança publica, no clima de guerra  que se vive.

Recentemente, a mídia divulgou que, segundo pesquisa, mais de 300 mil brasileiros vagueiam nas ruas das grandes cidades, (capitais) sem destino e sem futuro, destroçados pelo vicio do CRAK. São mortos-vivos.

Isto é fruto da postura social de um País, que pratica uma das piores distribuições de rendas do mundo. Os excluídos e sem quaisquer tipos de oportunidades nesta injusta sociedade, são milhões.

Aliado à miséria social, está uma sociedade que antes baseada nos valores da família está a destroçá-la. A família no Brasil deixou de ser a célula base da sociedade.
. O resultado é o aumento espantoso, revoltante e vertiginoso da violência praticada por menores de idade, enquanto o Estado cada vez mais se intromete na vida privada das pessoas, proibindo inclusive pais de darem limites a seus filhos.
Enquanto isto cada vez mais a mídia e a sociedade pregam soluções repressivas em detrimento das ações preventivas. O resultado e a sensação real de caos.
Muitas destas mazelas têm como causa a corrupção generalizada aliada à impunidade que a cerca. Em alguns casos chega a ser vista como normal; já não choca mais. Os grandes corruptos, quando identificados; não são presos; e quando isto acontece, não vão a julgamento e nem ressarcem aos cofres públicos o produto do roubo. Lembra Buarque, PROFº, da UNB, (Blog do Noblat 29.06.13).

O pior do que a existência de um quadro social caótico, no País é a ausência das condições para resolvê-lo e alavancar, economicamente o seu desenvolvimento.

Falta planejamento. A improvisação e o empirismo parecem ser a marca de sucessivos governos em seus três níveis: federal, estadual e municipal; irradiando-se também aos três poderes da República, Executivo, Judiciário e Legislativo.

Perdeu prestigio internacional e, atualmente, é vitima da bisbilhotagem dos EUA, denunciada por Edward Snodem.

Jamais na história democrática recente do País se viu, a pretexto da desídia de um poder, outro querer tutelá-lo, como agora acontece entre o Judiciário, através do Supremo Tribunal Federal, STF, e o Legislativo. Na medição de força entre ambos, o resultado é o inusitado e esdrúxulo: “um deputado, Donadon, condenado por aquela Corte, o STF, sem que seus pares do Legislativo tenham lhe cassado o mandato”, posteriormente.

O Brasil negligenciou sua infra-estrutura
física, de estradas, portos, aeroportos e a mobilidade urbana, totalmente.

Sua malha rodoviária de há muito foi largada; quilometro e quilômetros de trilhos enferrujam em meio ao matagal, por todo o País. Faltam-lhe condições de fazer circular sua produção e riquezas. Condição indispensável a qualquer nação queira se desenvolver de forma, firme, segura e sustentável.
A privatização ocorrida no Pais parece ter sido apenas uma entrega do patrimônio público ao setor privado. Nenhum beneficio significativo aconteceu ao desenvolvimento nacional e à sociedade.

O Brasil cresce por OSMOSE.!!! em meio a verdadeiros HIATOS no tempo; em movimentos PENDULAR e sem sustentabilidade. NÃO ATENDE SEU POVO.

Em meio a um sistema tributário perverso, caracterizado pela “imposição tributária” em torno de 35% do PIB nacional que  não transforma em benefícios à sociedade, em forma de serviços e bem-estar, os recursos arrecadados e ainda dificulta e encarece a atividade produtiva, o mal estar social acaba por parecer ser maior do que realmente o é, diante de um custo Brasil cada vez mais elevado.

As perspectivas de mudanças no País no curto prazo não são animadoras.
A propósito, a Proposta de Orçamento do Governo Federal para 2013, aprovada pelo Congresso Nacional em 12 de Março deste ano, contudo tenha uma previsão de R$ 110, 606 bilhões de reais para investimentos, não é animadora. Isto porque prevê crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país de 4,5 por cento, (que o governo já admite, não chegará a 3%) e fixa as despesas totais em R$ 2, 276 trilhões de reais. Assim, o crescimento será irrisório.
 Se considerarmos que o PIB brasileiro de 2012 foi menor do que 1% (0,9) e que a principal despesa que consta no Orçamento de 2013 está relacionada com pessoal e encargos sociais e, é da ordem de R$ 225, 983 bilhões de reais e que, para piorar, R$ 610, 065 bilhões de reais são referentes  apenas à rolagem da dívida pública  (pagamento de Juros).

Diante disto, conclui-se: o montante destinado a investimento, 1/6 do previsto para pagar juro da dívida, não significa praticamente nada. E, seguindo a lógica econômica (caso não haja nenhum fato novo) o produto interno bruto, PIB, de 2013, dificilmente chegará a 2,5%.  Logo, o crescimento Brasileiro no ano será medíocre se comparado com os outros países do BRINCS (emergentes).

Não se pode esquecer que nossa indústria, funciona atualmente com capacidade ociosa; incentivar o consumo apenas não basta. A produção de riquezas, com raras exceções, tem se restringido ao setor agropecuário, o que é muito pouco para um País que já chegou a ocupar a sexta posição entre as maiores economias do mundo.
Faz-se necessário retirar o Pais da condição de mero hospedeiro de capital especulativo estrangeiro que entra e sai, no território brasileiro com a mesma facilidade e nada acrescenta. É preciso que governo Dilma, ouse e, adote políticas econômicas consistentes e coerentes; aumentar o investimento fortemente e estimular a produção nacional.  Continuar como está não é possível; e nem no curto prazo, dizer se o Brasil é um “Jumbo” que decola ou um trem desgovernado ladeira abaixo. Parece pessimismo, mas, é real.
         ANTONIO HENRIQUE CHAGAS