Recursos previdenciários usados para
construir Brasília, Transamazônica, ponte Rio-Niteroi e outras obras.
É sabido que as arrecadações da
previdência quando não foram apropriadas indevidamente e diretamente pelos governos no Brasil, foram utilizadas por estes em outros fins que não o previdenciário.
Assim, os recursos da previdência na época dos Institutos de Aposentadorias e
Pensões, fruto da contribuição dos segurados, foram abundantes; pois, não eram quase
utilizados dado a pouca existência de aposentados. Deste modo, muitos
especialistas, dentre estes Sérgio Pinto Martins, assegura que em 1956 muito
destes recursos foram utilizados na construção de Brasília, mas não há nenhuma
prova de que tenham sido devolvidos aos cofres públicos do sistema, (MARTINS,
2006, p.23).
No ano de 1962, afirma Martins, o
débito da União para com o Sistema Previdenciário era, em moeda da época, CR$
200 bilhões (Duzentos bilhões de cruzeiros). Mais uma vez, não se tem noticias
de que esta dívida tenha sido resgatada pelo governo. Martins (2006, p.23)
lembra ainda que, no Distrito Federal:
O IAPI financiou 17
conjuntos de apartamentos, cada um com cinco blocos de apartamentos, com dez
pavimentos, 336 apartamentos; financiou também, mais 1.188 apartamentos
funcionais e 34 edifícios destinados ao pessoal dos Poderes Legislativo e
Judiciário; o IAPC financiou 2.334 apartamentos; o IAPB outros 4.546
apartamento de luxo de quatro quartos, mais 300 apartamentos de três quartos,
152 casas para autoridades (mansões), com 1.500 m2, piscina,
quadras de esportes, áreas verdes e de recreação.
O IPASE (Instituto de Previdência
e Assistência dos Servidores do Estado) financiou 383 apartamentos de luxo para
diplomatas e presidentes de autarquias, além de 210 mansões de 1.500 m2
para o primeiro escalão do governo, assim como a urbanização da
península sul e os terrenos para hospitais creches e clubes recreativos.
Estima-se que os institutos de
aposentadorias tenham gastado em torno de US$ 20 bilhões de recursos
previdenciários para construir Brasilia4Ib Teixeira afirma que o
total gasto teria sido de US$ 52,5 bilhões, desviados do sistema
previdenciário. 5
Muitos desses imóveis foram
vendidos pelo governo, mas o dinheiro não retornou ao sistema. O dinheiro da
previdência ainda financiou a Ponte Rio-Niteroi e até a Transamazônica. (sic).
A usina de Itaipu foi construída
com numerário do IAPAS.
Os valores da Previdência Social foram, ainda,
usados para: a manutenção de saldos na rede bancária como compensação pela
execução de serviços de arrecadação de contribuições e de pagamentos de
benefícios. Esse sistema era chamado de “caixa-dupla”. A Previdência Social
mantinha com a rede bancária um convênio para evitar burocracias e acelerar o pagamento
dos benefícios aos segurados. A Previdência Social pagava à rede bancaria uma
taxa de administração pela prestação dos serviços. Na chamada conta de “entrada” eram
depositadas as contribuições previdenciárias arrecadadas das empresas e dos
segurados. Na conta de “saída” o banco pagava os benefícios. (MRTINS, 2006.
pp.24-25).
O banco podia reter recurso da
Previdência, aplicá-lo sem nada pagar à mesma ou, adiantar pagamento aos
aposentados e cobrar juros do sistema previdenciário. Situações como estas não
mudaram muito nos últimos anos. A previdência continua disponibilizando bilhões
de reais aos bancos e ainda paga aos mesmos por cada pagamento efetuado aos
segurados beneficiários. E, os bancos, que antes disponibilizavam um cartão de
saque ao segurados, gratuitamente, por conta do serviço prestado; atualmente,
substituiu-os por outros de conta corrente e ainda cobra do beneficiário por
isto. É bom salientar também que a conta da folha de pagamento de servidores de
qualquer governo estadual ou municipal de porte médio é disputada pelos bancos
a peso de ouro; enquanto isto, a previdência disponibiliza à rede bancária uma
conta bilionária mensalmente e ainda paga por isto.
Esta tem sido a realidade da
administração pública governamental em relação ao patrimônio da Previdência
Pública brasileira, submetido a fraudes, anistias de débitos, doações e desvios
de finalidade. A previdência tem servido, inclusive, para fazer empréstimo a
bancos em estado de insolvência, ou seja, aqueles que estão recorrendo ao
chamado “redesconto” do Banco Central (espécie de UTI bancária). Seus recursos
financiaram ainda, projetos como sendo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico,
BNDES, conforme Martins (2006.p.25). A
Revista de Seguridade Social (1998. Março/Maio, p.21) assegura que de 1991 a
1997, R$33,09 bilhões da arrecadação da COFINS e CSL, foram desviados da
seguridade para outros fins. De 1995 a 2005 foram R$ 267 bilhões, (GENTIL, 2007,
p. 21).
O doutrinador e tributarista, Hugo de
Brito Machado (2005, p.418) após afirmar que as contribuições da previdência
corresponderam em 1995, quase uma vez e meia (150%) de tudo quanto a união
arrecadou com todos os seus tributos, Pergunta: “ como se pode acreditar que a
seguridade esteja falida?” Ele mesmo responde: “ É mais razoável acreditar-se
que as receitas desta, arrecadadas pelo Tesouro Nacional, sob as vistas
complacente do Supremo Tribunal Federal, estejam sendo desviadas para outras
finalidades.”
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